Fracasso X Sucesso
É preciso discernimento para reconhecer o fracasso, coragem para assumí-lo e divulgá-lo e sabedoria para aprender com ele.
O fracasso está presente em nossa vida, em seus mais variados aspectos. Na discussão fortuita dos namorados e na separação dos casais, na falta de fé e na guerra santa, na desclassificação e no lugar mais baixo do pódium, no infortúnio de um negócio malfeito e nas conseqüências de uma decisão inadequada.
Reconhecer o fracasso é uma questão de proporção e perspectiva. Gosto muito de uma recomendação da Young President’s Organization, segundo a qual devemos aprender a distingüir o que é um contratempo, um revés e uma tragédia.
A maioria das coisas ruins da vida são contratempos. Reveses são mais sérios, mas podem ser corrigidos. Tragédias, sim, são diferentes. Quando você passar por uma tragédia, verá a diferença.
A história e a literatura são unânimes em afirmar que cada fracasso ensina ao homem algo que necessita aprender; que fazer e errar é experiência, enquanto não fazer é fracasso; que devemos nos preocupar com as chances perdidas quando nem mesmo tentamos; que o fracasso fortifica os fortes.
Pesquisa recente feita pela Harvard Business Review aponta que um empreendedor “quebra”, em média, 2,8 vezes antes de ter sucesso empresarial. Por isso, costuma-se dizer que o fracasso é o primeiro passo no caminho do sucesso ou, citando Henry Ford, que o fracasso é a oportunidade de começar de novo inteligentemente. Daí decorre que deve ser objetivo de todo empreendedor errar menos e cair menos e mais devagar, e não definitivamente.
Assim como amor e ódio são vizinhos de um mesmo quintal, o fracasso e o sucesso são igualmente separados por uma linha tênue. Mas o sucesso é vaidoso, tem muitos pais, motivo pelo qual costuma se ostentar publicamente. Nasce em função do fracasso e não raro sobrevive às custas dele – do demérito de outrém.
Por outra via, deve-se lembrar que o sucesso faz o fracasso de muitos homens…
Já o fracasso é órfão, e tal como o exercício do poder, solitário. Disse La Fontaine: “Para salvar seu crédito, esconde sua ruína”. E assim caminha o insucesso, por meio de subterfúgios…
Poucos percebem que a liberdade de fracassar é vital se você quer ser bem-sucedido. Os empreendedores mais bem-sucedidos fracassaram repetidamente, e uma medida de sua força é o fato do fracasso impulsioná-los a alguma nova tentativa de sucesso. É claro que cada qual é responsável por seu próprio naufrágio, mas quando o navio está à pique, cabe ao capitão (imagine aqui a figura do empreendedor), e não ao marujo, tomar as rédeas da situação. Às vezes, a única alternativa possível é abandonar, e logo, o barco, declinando da possibilidade de salvar pertences para salvar a tripulação. Nestes casos, a falência purifica, tal como deitar o rei ante ao xeque-mate que se avizinha.
O sucesso, pois, decorre da perseverança (acreditar e lutar), da persistência (não confundir com teimosia) e da obstinação (só os paranóicos sobrevivem). Decorre de não sucumbir à tentação de agradar a todos (gregos, troianos e etruscos). Decorre do exercício da paciência, mais do que da administração do tempo. Decorre de fazer o que se gosta (talvez seja preferível fracassar fazendo o que se ama a atingir o sucesso em algo que se odeia). Decorre de fabricar o que vende, e não vender o que se fabrica (dizem que qualquer idiota é capaz de pintar um quadro, mas só um gênio é capaz de vendê-lo). Decorre da irreverência de se preparar para o fracasso, sendo surpreendido pelo sucesso. Decorre da humildade de aceitar os pequenos detalhes como mais relevantes do que os grandes planos. Decorre da sabedoria de manter a cabeça erguida, a espinha ereta e a boca fechada.
“Mantenha-se forte diante do fracasso e livre diante do sucesso.”
“O segredo para o sucesso é fazer as coisas comuns incomumente bem.”
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